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Piauí, 21 de novembro de 2024
Curiosidades

Cada vez mais filhos cortam laços com pais por saúde mental

Cada vez mais filhos adultos estão cortando as relações com os pais para preservar sua saúde mental. Veja os motivos


Por mais que não existam dados concretos, existe uma percepção crescente entre os terapeutas, psicólogos e sociólogos que o rompimento intencional entre pais e filhos está crescendo nos países ocidentais.

Esse rompimento é chamado formalmente de “estrangement”, que é uma expressão inglesa para uma situação em que uma pessoa se separa ou deixa de estar em bons termos com um grupo social. O termo poderia ser traduzido como “distanciamento”.

Ele é bastante usado nas situações em que alguém corta todas as comunicações com um ou mais parentes e que dura por muito tempo, mesmo quando membros desse grupo que a pessoa se afastou tentem reestabelecer contato.

“A decisão de se distanciar definitivamente de um membro da família é um fenômeno único e poderoso. É diferente de disputas familiares, de situações de alto conflito e de relações emocionalmente distantes, mas que ainda incluem contato”, explicou Karl Andrew Pillemer, professor de desenvolvimento humano da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.

Pais e filhos

Vendo que existem poucos estudos a respeito desse distanciamento familiar, Pillemer fez uma pesquisa nacional para o seu livro “Fault Lines: Fractured Families and How to Mend Them”, ou “Falhas tectônicas: famílias fragmentadas e como reuni-las”, em tradução livre.

A pesquisa mostrou que mais de um em cada quatro norte-americanos diz ter se distanciado de algum parente.

Além dessa, uma pesquisa parecida feita pela Stand Alone, uma organização britânica dedicada a distanciamento familiar, sugeriu que esse fenômeno atinge uma em cada cinco famílias do Reino Unido.

Nas redes sociais também é possível ver um crescimento de grupos de apoio online para filhos adultos que se distanciaram dos pais. “Os números do nosso grupo vêm crescendo continuamente. Acho que isso está se tornando cada vez mais comum”, disse Scott, que cortou relações com os pais em 2019.

Esse fato de o distanciamento entre pais e filhos adultos parecer estar aumentando, ou pelo menos estar sendo mais discutido, se deve, aparentemente, por conta de um conjunto de fatores culturais e psicológicos. Tudo isso levanta várias questões sobre seus impactos nas pessoas e na sociedade.

Rompimento

Por mais que as pesquisas sejam limitadas, a maior parte dos rompimentos entre pais e filhos adultos tendem a ser iniciados pelos filhos, de acordo com Joshua Coleman, psicólogo e autor do livro “The Rules of Estrangement: Why Adult Children Cut Ties and How to Heal the Conflict”, “As regras do distanciamento: por que os filhos adultos cortam os laços e como solucionar o conflito”, em tradução livre.

Entre os motivos mais comuns está o abuso do pai ou da mãe, seja no passado ou no presente, sendo ele emocional, verbal, físico ou sexual. Outro motivo é o divórcio que traz consigo outras consequências, como por exemplo, o filho ter que “tomar um lado”, o que pode gerar divisões sobre recursos financeiros e emocionais.

Segundo um estudo feito por Coleman e pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, as desavenças baseadas em valores foram mencionadas por mais de uma em cada três mães de filhos que se distanciaram.

As conclusões de Karl Pillemer, da Universidade Cornell, também mostraram que diferenças entre valores são um motivo importante nos distanciamentos, seja por conta de conflitos por causa de “questões como preferência pelo mesmo sexo, diferenças religiosas e adoção de estilos de vida diferentes”.

Além disso, os dois especialistas acreditam que parte desse distanciamento entre pais e filhos vem do aumento da polarização política e cultural nos últimos anos, tanto nos EUA como no Reino Unido.

Saúde mental

Os especialistas também acreditam que a crescente conscientização sobre saúde mental e sobre como um relacionamento familiar tóxico ou abusivo pode afetar o bem-estar de uma pessoa também tem impactado nesse distanciamento entre pais e filhos.

“Embora não haja nada de novo em conflitos familiares ou no desejo de se distanciar disso, ver o distanciamento de uma pessoa de sua família como uma expressão de crescimento pessoal, como se faz normalmente hoje em dia, é com certeza algo novo. Decidir quais pessoas manter dentro ou fora da nossa vida tornou-se uma estratégia importante”, pontuou Coleman.

“Não precisar de um membro da família para ter apoio ou porque você planeja herdar a fazenda da família significa que a escolha das pessoas com quem queremos passar o tempo é mais baseada nas nossas identidades e aspirações de crescimento do que na sobrevivência ou necessidade. Atualmente, nada une um filho adulto a um pai ou mãe além do anseio daquele filho adulto por ter esse relacionamento”, completou ele.

Fonte: Fatos Desconhecidos

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