1. Testes falsos
Muitos países exigem daqueles que querem entrar em seu território que façam um teste de laboratório para verificar se estão ou não infectados com o Sars-CoV-2. A exigência de apresentação de um certificado com resultado negativo gerou um negócio lucrativo de venda de resultados falsificados.
A demora para obter os resultados dos exames em alguns casos, seu alto custo ou a urgência de quem vai viajar contribuíram para fazer florescer um mercado de exames falsos. Agências de Segurança já desbarataram redes de falsificadores de certificados mo aeroporto Charles de Gaulle, Em Paris, e do aeroporto de Luton, na Inglaterra.
A Polícia Nacional da Espanha, por sua vez, prendeu pelo menos uma pessoa que apresentou resultados falsos em testes.
Na Holanda, foram identificadas várias contas em redes sociais como WhatsApp e Snapchat com nomes como Vliegtuig Arts (médico do avião) ou Digitale Dokter (médico digital), que ofereciam resultados de exames falsificados. O jornal El País, da Espanha, denunciou recentemente que este negócio também prolifera em algumas áreas turísticas do México, onde os testes falsos são vendidos por menos de US$ 40 (R$ 215).
No Chile, as autoridades sanitárias fecharam em janeiro um centro médico localizado no distrito de Las Condes, em Santiago, sob acusação de falsificação de resultados de exames por US$ 85 (R$ 457). A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, na sigla em inglês), organização internacional que reúne companhias aéreas, reconheceu as fraudes como "um problema crescente em todo o mundo".
A agência observou que parte do problema é que os certificados em papel podem ser facilmente manipulados porque vêm em diferentes formatos e idiomas, o que "leva a ineficiências nos exames de saúde, erros e fraudes". Já o Serviço Europeu de Polícia, a Europol, indicou que "a proliferação de meios tecnológicos de alta precisão, sejam impressoras ou diversos programas de software, facilitam a circulação de documentos fraudulentos".
A Europol, que nesta semana alertou a União Europeia para uma rede de falsificadores de certificados chamado Grupo de Crime Organizado Móvel Rathkeale Rovers, supostamente de origem irlandesa, admitiu que o problema é difícil de combater.
2. 'Fura fila' da vacina
Desde o início da pandemia, há golpistas que buscam lucrar com o medo gerado pela doença, oferecendo falsas curas e remédios. Chás, óleos essenciais e terapias com vitamina C são apenas alguns dos supostos tratamentos antivirais que continuam a ser vendidos em clínicas, sites, redes sociais e até em programas de televisão.
Mas o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus, que já começaram a ser distribuídas e aplicadas em várias partes do mundo, também gerou uma nova modalidade de crime - pedir dinheiro em troca de um lugar na lista de pessoas que vão receber primeiro a imunização.
Existem também aqueles que afirmam falsamente vender algumas das vacinas desenvolvidas. A Federal Trade Commission dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) alertou que essa fraude está se espalhando pelo país devido à complexidade do sistema de distribuição de vacinas, que varia conforme o Estado ou território.
"Sempre prontos para agir, os golpistas estão se aproveitando da confusão", disse Colleen Tressler, especialista em educação do consumidor da FTC. Para evitar fraudes, a agência lembra que não é possível pagar para se inscrever na lista prioritária.
"Quem pede para você pagar para colocar seu nome em uma lista, marcar hora para você ou reservar uma vaga na fila é um golpista", alerta. Tressler também recomenda ignorar anúncios de venda de vacinas contra o coronavírus. "Você não pode comprá-la em qualquer lugar. A vacina está disponível apenas em locais aprovados pelos governos", diz ele.
3. O 'corona-phishing'
A criação de falsos negócios, oferecendo produtos inexistentes por meio de sites, redes sociais, emails e ligações telefônicas, com o intuito de obter os dados bancários das vítimas, explodiu desde o início da pandemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um comunicado em março do ano passado para alertar que alguns cibercriminosos estavam se passando por representantes da organização para obter doações falsas e roubar dados pessoais.
Mas, enquanto no início da pandemia essa forma de crime, conhecida como "phishing", se concentrava em falsas campanhas de caridade ou na suposta venda de produtos muito procurados, como máscaras faciais, álcool gel ou desinfetantes, com o tempo os golpes se sofisticaram.
Na Argentina, alguns bancos tiveram que fechar seus perfis nas redes sociais depois que criminosos usaram as informações ali coletadas para esvaziar as contas de alguns clientes.
Os criminosos contataram pessoas que usaram as redes para relatar um problema em sua conta, dada a impossibilidade de atendimento pessoal nas agências bancárias, que por muitos meses permaneceram fechadas ao público.
Falando como representantes de banco, os criminosos conseguiram obter os detalhes da conta da vítima. Antes de esvaziá-la pela internet, eles pediram um empréstimo.
Assim, as vítimas não perderam apenas todo o dinheiro de suas contas. Elas também ficaram endividadas, em alguns casos por valores bem acima de sua renda. Outra forma de golpe comum em países onde existe auxílio estatal a cidadãos mais pobres são ligações de pessoas que afirmam ser servidores do governo. Na realidade, eles são golpistas que buscam informações para roubar esses pagamentos.
Em janeiro passado, a FTC dos Estados Unidos informou ter recebido mais de 225 mil reclamações de consumidores relacionadas a esse tipo de fraude. No total, estima-se que mais de US$ 309 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) de ajuda financeira acabaram nas mãos de criminosos.
A agência americana também alertou sobre outra forma de fraude relacionada a dados bancários. São pessoas que ligam para suas vítimas e dizem que estiveram com alguém cujo teste deu positivo.
Eles recomendam que façam o exame o mais rápido possível, oferecendo gratuitamente um teste domiciliar. Depois, informam que, para recebê-lo, será necessário fornecer o número do cartão de crédito para cobrir os custos de envio.
De acordo com as autoridades, esses golpistas tendem a atacar minorias e idosos.
Especialistas em segurança dizem que a chave para evitar essas armadilhas é lembrar que nenhum banco, agência estatal ou instituto de saúde entra em contato com solicitando informações confidenciais.
"É possível que (os criminosos) entrem em contato com você por telefone, e-mail, mensagens de texto, correio ou redes sociais", alerta a página do governo dos EUA dedicada a "Fraudes e Golpes Comuns". "Proteja seu dinheiro e sua identidade não compartilhando informações pessoais como número de conta bancária, CPF ou data de nascimento", aconselha o órgão.
Fonte: Meio Norte