Reunindo temas como solidariedade, diversidade e inclusão na linguagem infantojuvenil, chega à XV Bienal Internacional do Livro do Ceará a coleção “Leiturinhas e outras histórias”, das Edições IPDH.
Com autoria compartilhada entre Demitri Túlio e Nukácia Araújo, a coletânea apresenta 13 obras da literatura infantil para leitores iniciantes e em formação.
Por meio de ilustrações que vão desde o traço característico do quadrinista Guabiras até as expressões inventivas da artista Meg Banhos, as obras têm como premissa incitar a reflexão por meio do estímulo à imaginação.
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Coleção “Leiturinhas e outras histórias” revisita narrativas tradicionais para promover novas reflexões
No lugar de uma galinha que bota ovos de ouro, ovos de rapadura. Ao invés de uma harpa que toca músicas oníricas, uma sanfona que toca forró. Essas são algumas das ressignificações que tecem o pano de fundo de “Sarah e o pé de Maracujá”.
Inspirada no "João e o Pé de Feijão", conto de fadas inglês de 1807, a versão de Demitri e Nukácia coloca personagens femininas como protagonistas: Sarah, a mãe, a sanfona e a galinha.
Além disso, a narrativa também propõe uma resolução diferente para o conflito com o gigante, que, ao invés de ser morto, cai em um buraco, evitando a agressividade da morte.
De maneira similar, “Os dragões do Ceará” retoma a Greve dos Jangadeiros, que ocasionou o fechamento do porto de Fortaleza ao tráfico de escravos em 1881, para contar a vida de figuras abolicionistas que, por vezes, não são lembradas nas narrativas tradicionais.
Embora a figura do Dragão do Mar seja frequentemente associada à greve, o livro relembra que, antecedendo à atuação dele, houve diversos esforços, como os de Tia Simoa e de seu companheiro José Napoleão, ícones do movimento abolicionista cearense que sofrem com o apagamento na memória coletiva da população.
Jornalista e editor-adjunto do Núcleo de Audiovisual do O POVO, Demitri Túlio conta que, além da conscientização sobre temas atuais e pertinentes, o intuito da coleção se direciona para o propósito de tornar o cotidiano escolar das crianças algo mais leve.
“Muitos destes livros acabam circulando em escolas, então nosso intuito é trazer brincadeiras escritas para as salas de aula. A escola não é um lugar fácil e ela tem que ser mediada por meio da ludicidade, tratando de assuntos sérios por meio de cordéis, slams, rimas e brincadeiras”, explica.
Segundo Demitri, tratar de assuntos como bullying, homofobia e racismo de uma maneira inventiva também é uma possibilidade para que os discentes possam se identificar e assimilar as vivências que estão passando.
“Esperamos também que essa criança consiga se enxergar nessas histórias e que, caso ela esteja passando por uma situação de bullying, por exemplo, ela se dê conta, não se sinta sozinha e enxergue possíeis saídas”, revela o jornalista que desenvolveu o trabalho literário ao lado da irmã, Nukácia Araújo, professora de Linguística da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
2025 marca a estreia da Editora IPDH com estande próprio na Bienal do Ceará
Com o tema “Das Fogueiras ao Fogo das Palavras: Mulheres, Resistência e Literatura”, a Bienal do Ceará acontece de forma gratuita entre os dias 4 e 13 de abril.
Em 2025, a Editora IPDH realiza sua estreia apresentando um estande próprio no evento. Além de lançamentos, como a coleção “Leiturinhas e outras histórias”, as rodas de conversa com autores serão uma das principais atrações do estande.
Braço do Instituto Prisma de Desenvolvimento Humano, existente desde 2005, a Editora IPDH tem como intuito viabilizar publicações na área educacional, oferecendo qualidade literária para materiais didáticos e paradidáticos nas escolas.